Dra. Milena Quadros

A tontura é um sintoma comum

A tontura é um sintoma muito comum, afetando cerca de 1 a cada 3 pessoas no mundo.

Principalmente quando se torna crônica, pode gerar grande incômodo e mal-estar, levando a insegurança e medo em muitas pessoas.

Veja aqui as principais causas desse importante sintoma e como podemos investigá-lo e tratá-lo adequadamente. 

Dra. Milena Quadros: médica especialista em tontura em São Paulo

Dra. Milena Quadros é médica especialista em tontura.

Dra. Milena Quadros é médica Otoneurologista, especialista nas diversas causas de Tontura, atuando na cidade de São Paulo, Capital.

Faz atendimento clínico, manobras de cristais do labirinto, injeções timpânicas, avaliação do equilíbrio, exames com vídeo e tratamentos personalizados para diversas doenças do equilíbrio. 

O que faz o médico Otoneurologista.

Quais são os principais tipos de tontura e suas causas mais comuns?

Principais tipos de tontura.

A tontura é um sintoma muito comum que pode ser causado por vários tipos de doenças.

Aprender a caracterizar qual tipo de tontura está acontecendo com você, ajuda a direcionar a investigação para um melhor tratamento. 

Aqui está uma lista dos principais tipos de tontura e suas causas prováveis:

  • Vertigem: É a sensação de que você ou o ambiente está em movimento, mesmo quando encontra-se parado. Pode ser uma sensação que está girando, balançando ou se inclinando. 
    • É um sintoma comum nas doenças do labirinto: VPPB (doença dos cristais), doença de menière, labirintite, neurite vestibular, etc.

  • Tontura com mudança da posição da cabeça: É aquela que ocorre ao mudar de posição na cama (ex.: virar de lado) ou ao deitar e levantar, ou ainda ao olhar para cima ou para baixo, inclinando a cabeça.
    • A principal causa é a VPPB, ou doença dos cristais do labirinto. Também pode estar presente na migrânea ou enxaqueca vestibular, síndrome da deiscência de canal semicircular, paroxismia e algumas doenças do cérebro ou cervical.

  • Tontura ao ficar em pé (tontura postural): O paciente se queixa de visão escurecida e tem sensação de desmaio ao se levantar. 
    • Na maioria das vezes está relacionada a quedas rápidas na pressão arterial, levando a demora na chegada de sangue e oxigenação ao cérebro. 

  • Desequilíbrio e quedas: Ocorrem nos pacientes que não conseguem ficar em pé ou caminhar em linha reta. A sensação é de balanço ou de falta de coordenação nas pernas.
    • Pode ocorrer em idosos devido ao envelhecimento do cérebro e do labirinto. Também pode estar relacionada a doenças na região do cérebro que coordena o equilíbrio ou, ainda, a deficiência de algumas vitaminas importantes para o sistema nervoso.

  • Tontura em ambientes luminosos ou cheios: É o desconforto causado por ambientes como supermercados, shopping, feiras, e outros lugares com muita informação visual. 
    • Pode estar associada à enxaqueca vestibular e a doenças do labirinto relacionadas às emoções e ansiedade.

  • Tontura ao fazer esforço físico ou escutar sons altos: Alguns pacientes podem sofrer com grande mal-estar ao fazer movimentos de força (como em academias) ou até mesmo ao tossir ou espirrar. Também geralmente sentem tontura e enjoo em ambientes com som muito alto, como shows e festas.
    • Devemos investigar a síndrome da deiscência do canal semicircular superior nesses casos, além de doenças musculares e cervicais. 

  • Tontura ao andar de carro, metrô, aviões ou barcos: O mal-estar gerado por meios de transporte, principalmente quando o paciente está lendo ou olhando para celulares, chama a atenção para uma condição nomeada de Cinetose. 
    • A Cinetose pode ocorrer sozinha ou estar relacionada a outras doenças do labirinto e cérebro.

Quais as principais doenças do labirinto que causam tontura?

As doenças do labirinto, apelidadas em geral de “labirintite”, são causas muito frequentes de tontura e vertigem no dia-a-dia.

Diante da presença de tontura, é muito importante a investigação para diagnóstico adequado, com médico especialista nesse sintoma – o Otoneurologista.

Tontura pode ser causada por labirintite

Veja abaixo doenças do labirinto mais comuns que podem gerar tontura:

  • VPPB (Doença dos cristais):
    • É a causa mais comum de vertigem no mundo.
    • Acontece quando pequenas partículas (cristais de cálcio) presentes no ouvido interno se soltam e passam a se mover sempre que existe mudança de posição da cabeça.
    • O paciente se queixa de uma vertigem forte, que dura poucos segundos ou minutos, sempre que muda de posição na cama ou vai se deitar ou levantar.
    • É muito comum em idosos, mulheres após a menopausa e pessoas que bateram a cabeça.
    • Pode gerar muito enjoo, vômitos, além de desequilíbrio e quedas.

  • DOENÇA DE MENIÈRE:
    • Está relacionada a um aumento na pressão do líquido do ouvido interno (Hidropsia Endolinfática).
    • As crises acontecem espontaneamente, mas também podem ser desencadeadas por desidratação, aumento na glicemia ou consumo exagerado de açúcares e carboidratos.
    • O paciente se queixa de vertigem intensa com duração prolongada, associada a sensação de ouvido tampado, redução na audição ou zumbido.
    • Pode afetar somente um ouvido ou ambos.
    • Pode levar a perda permanente da audição, quando não controlada.

  • MIGRÂNEA VESTIBULAR (Enxaqueca do labirinto):
    • Alguns pacientes com histórico de enxaqueca ou até mesmo que têm somente um histórico dessa doença na família, podem vir a apresentar crises muito fortes de vertigem, mesmo sem sentir dor de cabeça.
    • A tontura pode durar horas ou dias e vir acompanhada de sintomas como intolerância a sons altos, cheiros fortes e luzes coloridas. A pessoa sente necessidade de descansar em um ambiente quieto, escuro e silencioso.
    • Quando acompanhada de dor de cabeça, geralmente é uma dor forte, de um lado da cabeça, com sensação de pulsação e que gera enjoo e vômitos.
    • Pode estar presente sozinha ou em associação a várias outras doenças do labirinto.

  • LABIRINTITE (Labirintite verdadeira):
    • Apesar de existir o costume de apelidar todas as doenças do labirinto com esse nome, a verdadeira labirintite é uma doença gerada por uma infecção no ouvido (por vírus ou bactérias).
    • O paciente pode apresentar febre, dor de ouvido, além de perda de audição e vertigem intensa com desequilíbrio. 
    • Deve ser investigada e tratada sempre que um paciente com Otite ou outras infecções das vias aéreas desenvolve dificuldade de ouvir e tontura.

  • NEURITE VESTIBULAR:
    • É causada pela inflamação do nervo vestibular (o nervo que comunica o labirinto ao cérebro), gerando um “desligamento” do labirinto de um lado do corpo.
    • Gera uma vertigem forte, incapacitante, que se inicia subitamente, com duração de dias. O paciente sente dificuldade de manter os olhos fixos e geralmente não consegue caminhar sozinho nos primeiros dias.
    • É uma causa comum de vertigem intensa nos pronto-socorros. Deve sempre ser avaliada para afastar uma causa mais grave desses sintomas, como um AVC.

  • TONTURA PERCEPTUAL (TPPP)
    • É uma doença que gera tontura crônica, principalmente ao caminhar, que piora em ambientes com muitas informações visuais ou muitas pessoas – shoppings, mercados, transportes públicos.
    • O paciente pode desenvolver medo de caminhar ou de se expor às situações que causam mal-estar.
    • Pode estar relacionada a distúrbios de ansiedade e depressão.

  • OUTRAS DOENÇAS DO LABIRINTO
    • SÍNDROME DA DEISCÊNCIA DO CANAL SEMICIRCULAR SUPERIOR: É causada por uma fragilidade no osso que protege o labirinto. Gera tontura ao fazer esforços físicos, escutar sons altos ou com algumas posições da cabeça. Também pode causar sensação de ouvido tampado e zumbido. 
    • PAROXISMIA VESTIBULAR: Ocorre quando um vaso sanguíneo “irrita” o nervo vestibular ao estar em contato com ele. Gera vertigem intensa que dura segundos e pode se repetir diversas vezes ao dia. Principalmente desencadeada por algumas posições da cabeça que aproximam o vaso sanguíneo do nervo afetado.
    • HIPOFUNÇÃO VESTIBULAR: Alguns pacientes podem ter um labirinto mais fraco que o outro ou ambos funcionando pouco. Geralmente se queixam de vertigem ou de oscilação da visão ao movimentarem a cabeça.
    • ENVELHECIMENTO DO LABIRINTO (PRESBIVESTIBULOPATIA): Pacientes idosos podem se queixar de desequilíbrio e tontura, com dificuldade de caminhar ou fazer exercícios que costumavam praticar. Geralmente a dificuldade piora de forma lenta e gradual, podendo precisar de apoio para caminhar e redobrar o cuidado com quedas.

Outras doenças podem causar tontura?

Apesar das doenças do labirinto serem muito comuns, outros órgãos também podem gerar tontura e vertigem quando afetados. Algumas doenças que podemos citar são:

  • Desidratação.
  • Alterações no metabolismo do açúcar – hiperglicemia, hipoglicemia, resistência à insulina e diabetes mellitus.
  • Hipotensão postural – queda na pressão sanguínea ao ficar em pé.
  • Variações de hormônios – principalmente da tireóide.
  • Carência de vitaminas e minerais – anemias, deficiência de vitamina B12, vitamina D, ácido fólico,  ferro.
  • Doenças do cérebro ou cerebelo – AVCs, tumores, doença de parkinson, hidrocefalia, esclerose múltipla, entre outros.
  • Doenças cardíacas – arritmias, insuficiência cardíaca.
  • Transtornos emocionais – ansiedade, síndrome do pânico, fobias.
  • Efeitos colaterais de medicamentos.

Com adequada investigação, e trabalhando em conjunto com outros profissionais de saúde, um médico Otoneurologista consegue diagnosticar com precisão a causa dos sintomas e indicar o tratamento a ser feito para cada uma dessas condições.

Quais exames podem ajudar no diagnóstico da tontura?

Exames para tontura.

Na maioria das vezes, uma história clínica completa e exame físico direcionado realizados por um médico Otoneurologista são suficientes para definir o diagnóstico de pacientes afetados com tontura.

No entanto, existem situações em que será necessário o auxílio de exames complementares.

Alguns dos exames mais comuns na investigação da tontura são:

  • Exames de sangue – é importante levar para seu médico Otoneurologista seus exames de sangue gerais, principalmente se você já acompanha sua saúde com outro médico como cardiologista, endocrinologista, clínico geral, etc. Muitas alterações de metabolismo, hormônios, vitaminas e minerais podem estar envolvidas na causa da sua tontura.

  • Exames de imagem – quando necessário, o médico Otoneurologista pode necessitar de exames de imagem do crânio e do ouvido, como Tomografias Computadorizadas e Ressonâncias Magnéticas.

  • Exames cardiovasculares – alguns pacientes apresentam tonturas relacionadas a arritmias ou variações de pressão. Podem ser usados exames como MAPA, holter e til-test para esse diagnóstico.

  • Exames da audição – o ouvido interno contém tanto o labirinto vestibular quanto o órgão auditivo (cóclea). Muitas doenças que causam tontura também afetam a audição, mesmo se o paciente não perceber algum sintoma auditivo. Exames com Audiometria, Imitanciometria, Eletrococleografia e BERA podem ser necessários nessa investigação.

  • Exames do labirinto – muitas vezes é necessário medir se existe alguma sequela ou alteração na função dos labirintos. Alguns exames que fazem essa avaliação são a Videonistagmografia, VHIT, VEMPs, otoneurológico (vectonistagmografia).

Antes de realizar exames, é essencial a avaliação com médico especialista em tontura para guiar a investigação desse sintoma tão diverso. 

Tratamentos para tontura

Após ter o diagnóstico certeiro da causa da sua tontura, o médico Otoneurologista pode iniciar o tratamento adequado.

Alguns tratamentos comuns para tontura são:

  • Medicamentos: Os Otoneuros podem prescrever medicamentos para ajudar a controlar a tontura, tanto nas crises quanto para prevenir seu retorno. Podem incluir remédios neuromoduladores, supressores do labirinto, diuréticos, calmantes, antidepressivos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares, corticosteroides, entre outros.

  • Manobras: Em casos de VPPB (a causa mais comum de vertigem), são realizadas manobras para reposicionar os cristais do labirinto; muitos pacientes descrevem alívio da tontura imediatamente após a sua realização.

  • Injeções timpânicas: Pacientes que sofrem com tonturas incapacitantes podem se beneficiar de injeções e infiltrações de medicamentos diretamente no ouvido. 

  • Reabilitação vestibular e do equilíbrio: os Otoneuros podem orientar e prescrever exercícios para reabilitação do labirinto e alívio da tontura e desequilíbrio. Os pacientes podem ser encaminhados para um fonoaudiólogo ou fisioterapeuta que trabalha em colaboração com o médico Otoneuro. 

  • Mudanças no estilo de vida: algumas pequenas adaptações no dia-a-dia podem ser essenciais para o controle da tontura, como mudanças na dieta, exercícios físicos, aumento da ingesta de líquidos e controle da saúde geral. 

Dra. Milena Quadros é médica especialista em tontura.


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